sábado, 19 de fevereiro de 2011

DESENHOS DA TARDE (E NUNCA MAIS...)

Ela era a mais linda mulher que eu jamais vira em minha vida. Como num sonho, vi-a deslocar-se, etérea como um anjo, desfilando toda a sua graça pela praia. As ondas preguiçosas lambiam seus pés, seus cabelos voavam à brisa daquele fim de tarde. Um halo de luz dançava nos seus longos caracóis dourados. Ela era tudo o que um homem sonhara ou imaginara. Tudo o que um homem esperava contemplar numa mulher. E algo mais. Além de tudo, tinha um ar enigmático, um quê de princesa e fada. Como o vento, passou. Deixou apenas essa imagem nítida, marcada para sempre na minha retina. Nunca mais a vi. Até hoje, ainda fico pensando: teria sido realidade ou sonho? Por isso, volto àquela praia, quase todos os finais de tarde, sempre naquele mesmo horário. Quem sabe os desígnios que o destino nos reserva? A esperança, dizem, é a última que morre.  Eu só não entendo uma coisa: por que eu não tive a coragem de abordá-la, de dizer um “olá, boa tarde... Posso caminhar um pouco ao seu lado?” Ah, se arrependimento matasse!!! Mas, fazer o quê? Eu creio que tive medo de desfazer a magia. Descobrir ou perceber algo que não combinasse de dentro para fora.  É isso: eu não quis estragar o encanto que me alumbrava naquele momento.  Assim, eu poderia guardá-la intacta em minha mente, como num cofre, para sempre selado: uma deusa sem mácula, um anjo de beleza infinita desfilando ao cair da tarde. Uma recordação perfeita,  feito uma dama eternizada numa tela de Edouard Manet.  


DRAWINGS OF THE AFTERNOON (NEVER MORE) 

She was the most beautiful woman I had ever seen in my life. As in a dream, I saw her move, as an ethereal angel, parading all her grace on the beach. The waves lapped his feet, his hair flew in the cool of the evening. A halo of light danced in your hair curls. She was everything a man dreamed or imagined. All that a man expects a woman to contemplate. And something more. And above all, had an enigmatic air, and something of a fairy princess. As the wind, passed. Just let this clear picture, marked forever on my retina. I never saw her again. To this day, still I wonder: would have been a dream or reality? So, back to that beach, almost every  afternoon, always at the same time. Who knows what plans the fate in store for us? The hope, they say, is the last to die. I just do not understand one thing: why I had not the courage to approach her, say "hello, good afternoon ... I can walk a little on your side? " Ah, if repentance kill! But do what? I think I was afraid to undo the spell. To discover or see something that did not match the inside out. It is this: I do not want to spoil the charm that alumbrera me inside. So, I could keep it intact in my mind as a safe, sealed forever:  a goddess without blemish, an angel of infinite beauty parade at dusk. A perfect recall, like a lady immortalized on canvas by Edouard Manet.

Nenhum comentário:

Postar um comentário