quinta-feira, 16 de junho de 2011

PRISIONEIRO DO AMOR

O NAVEGANTE E A SEREIA

Navegava distraído e nem percebi
que, aos poucos, me distanciava
do meu porto destino. Calmarias
enfrentei. Tempestades bebi.
Velas tremulavam irrequietas.
Nas estrelas me reorientei.
Pouco sabia de correntes marítimas.
Mas adivinhava de ti o doce
encanto de sereia. E teu canto
me guiou por entre os arrecifes.
Olhos fechados, apenas ouvi.
E avancei, o teu canto a soar
mapeando  em ecos o rumo a seguir.
O barco oscilava, tremia, rangia.
E a música me embalava e me
encorajava a prosseguir sempre
em frente, na tua direção.
Noites e noites vaguei por
sobre as ondas, perseguindo
os murmúrios que me traziam
o vento. A suave brisa, a tua
canção me diziam que o
coração navega os rumos
que o amor determina.
E lá, para além de tudo,
onde nem mais esperança
 existe, por fim, te encontrei
 vestida de orvalho e luar.
E teus olhos brilhavam
feito contas de cristal.
Minha busca, enfim,
terminara. Senti,
naquele momento, que
a vida só tem sentido
quando se busca a
realização dos sonhos
que parecem impossíveis.
 Nos teus braços me enlacei
e teus lábios de seda, de leve,
roçaram os meus. Aos poucos,
fui me perdendo de mim mesmo.
E em ti me reencontrando. Sereias
têm magias que fascinam. Tive
a certeza, naquele momento,
que jamais seria o mesmo.
Prisioneiro, de ti, enfim,
me fiz. Amor, doce estranha
 inevitável prisão que liberta.
Se perguntarem por quem
as sereias cantam, não duvides:
elas cantam por ti. E quando elas
silenciarem, desconfie. Coração
calado não sabe os mistérios do amar.
Eu ouvi o canto da sereia.
E me banhei de silêncio  cravejado
de estrelas, sereno alumbrar.
E no canto da sereia
me fiz de paixão encantada,
pétala de sonho, perfume de luar.
Viajei, velejei, me perdi, me achei
e de novo me perdi
em ti para nunca mais voltar.

José de Castro, 12 05 2011

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